Bem-vindo fulerage caro visitante...

Convido-lhe para uma leitura interessante e agradável adiante. Selecione o que deseja ler e se entregue ao prazer de uma boa redação. Desde já quero esclarecer que alguns fatos relatados a seguir são tudo mentira “baseados” (não faço apologia às drogas) em vivências reais. Exceto por algumas vírgulas que acrescentei. Irá deparar também com contos e crônicas de minha autoria. Todos estão devidamente divididos e especificados. Espero que aprecie a leitura e comente ao final se não eu não escrevo mais.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Formiguinhas

Mais uma vez ele tinha deixado a lata de achocolatado aberta. Dona Rita não agüentava mais. Quantas vezes ela havia reclamado com filho pra não deixar a lata destampada. Agora já era tarde, as formigas já tomavam quase todo o recipiente.

- Não sei mais o quê que eu faço com tanta formiga nessa casa - pensou alto. Já tentei de tudo pra acabar com essas pragas.

E ela não se referia só às formigas. Aranhas, baratas, ratos, faziam companhia à dona Rita e seu único filho, Jeferson. Ela, dona de casa a vida toda, criara o único filho com zelo e amor. Ele, sempre mimado pela mãe, não estudava e nem trabalhava. Se não estava jogando futebol com amigos, acompanhava a novela que passava depois do jornal. Jeferson não tinha

muitos vícios, o que orgulhava muito a sua mãe. E estranhamente adorava deliciar-se com um caprichado chocolate com leite, vício incentivado pela mãe desde pequeno.

Dona Rita cuidava bem do filho, não lhe faltava nada. Já da casa, esta não tinha tanta sorte. O chão sempre sujo e encardido dava à casa um tom sombrio. Algumas manchas escuras na cerâmica antigas davam a impressão de buracos no meio da cozinha. Com esse habitat não tardariam os insetos e roedores.

Dona Rita havia usado somente um instrumento para controlar as pragas em sua casa, seu chinelo. Ela sempre dizia que umas boas chineladas sempre resolviam tudo, mas agora ela concentrava-se em encontrar outros meios.

- VENENO! – berrou. Vou envenenar todas vocês suas safadas! – falava apontando para algumas inocentes formigas que perambulavam perto de seus pés.

Rapidamente correu até a despensa e trouxe um vidro com um pó banco. No recipiente dizia que era veneno para barata, mas pra ela veneno era veneno. Mas como faria para que os insetos se interessassem pela droga? Pensou um pouco e então decidiu misturar o pó branco com resto de chocolate.

- Podem vir comer, suas sabichonas. – referiu-se às formigas com ar pedante.

Enquanto esperava a iniciativa, iria ao supermercado comprar algumas ratoeiras. Mais tarde iria aprontar para os ratos.

Jeferson havia saído cedo para jogar bola com os amigos. Acabara de chegar e já ligara a televisão. A novela começaria mais cedo hoje, devido o horário político. No intervalo, faminto, dirigia-se à cozinha em busca de alguma refeição. Averiguou a geladeira e o armário, mas não achou muita coisa. Era fim de mês, e nesse período a comida ficava escassa. Entretanto, teve sorte. Ainda havia leite e um restinho de chocolate.

Ao preparar sua bebida, Jefferson sempre colocava primeiro o leite, logo depois, várias colheradas de chocolate em pó. Não colocaria açúcar, pois esse novo chocolate que sua mãe trazia das compras já era adocicado.

O rapaz tomou todo o copo de uma só vez enquanto voltava para a sala da televisão. Não havia almoçado direito e sua barriga já reclamara há horas. Após algum tempo sentado, Jeferson começou a sentir uma pequena dor de cabeça, acompanhada de uma vontade irresistível de vomitar. Ainda tentou correr ao banheiro, mas ao levantar-se de repente, viu o teto girar em torno de sua cabeça e caiu. Ali, ficou imóvel e inconsciente. Uma saliva agridoce corria pelo canto de sua boca e espalhava-se pelo chão. Aos poucos, algumas formigas começavam a se aproximar, contemplando sua nova refeição.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Visões de Korsakoff

A noite havia caído há algum tempo. Uma noite como todas as outras, exceto pela briga com a namorada. Na tarde do mesmo dia eles haviam discutido por insignificâncias. Ele havia saído com os amigos para algumas bebedeiras e agora tentava justificar-se para a amada. Ele fedia a vodka e seu hálito lembrava vômito, ela, cheirava a ira e insegurança.

Mas agora tudo já passou. Ela saiu em passadas largas e ao bater a porta da sala, prometeu mais para o dia seguinte. Ele sentia ainda muitas náuseas e desejava intensamente livrar-se daquele gosto agridoce da boca. A casa estava uma bagunça, havia adiado o dia de limpeza para sair com os amigos. Deveria ter ficado em casa mesmo – pensa arrependido. Agora só lhe resta descansar, amanhã é dia de trabalho e não vai querer receber advertências do chefe.

O apartamento, alugado com esforço, é pequeno, mas é bem dividido. Uma sala, uma cozinha, um quarto e uma área de serviço, pronto, ele não precisa de mais nada. Às vezes fica pensando em como seria morar em uma casa grande e isolada, só assim poderia tocar sua guitarra sem que os vizinhos reclamassem.

Ainda procura arrumar alguma coisa, mas desiste logo. Nesse momento o que ele mais quer é dormir e deixar os problemas de lado. Logo, joga-se na cama desarrumada e rapidamente cai num sono profundo. Sonha com sua mãe, já falecida, e por alguns instantes revive os tristes momentos em que a assistia ser agredida pelo marido bêbado. Revira-se na cama e logo desperta. Uma dor fina parte sua cabeça ao meio e um gosto amargo reina em sua boca, acompanhado de muita sede. Ele coça os olhos e levanta com dificuldade. A escuridão impera no quarto, exceto por alguns raios de luz que emergem das venezianas empoeiradas da sua janela. Ele sai cambaleando em direção à cozinha. Ávido por água, ignora todos os interruptores de luz e dirige-se o mais rápido possível à geladeira.

Ao alcançar finalmente o seu objetivo, percebeu algo estranho disposto na área de serviço, agora localizada há uns dez metros à sua frente. Um vulto emergia das trevas com a ajuda da luz da lua. Aproximou-se cuidadosamente, e tremeu quando avistou o que parecia ser um humanóide baixo e esguio olhar fixamente para ele. A criatura tinha olhos negros e opacos, um pescoço comprido, membros e dedos finos e longos. A tal figura ainda parecia segurar firmemente o pescoço com as duas mãos, como se tentasse enforcar-se.

A primeira coisa que lhe veio a cabeça foi que estava alucinando devido ao álcool, mas a criatura estava ali, olhando-o firmemente. Procurou forças para reagir, mas não obteve êxito. Não conseguia dar passo algum, estava paralisado de horror. Entretanto, sua cabeça trabalhava a mil, mas não conseguia concentrar-se. Sentia-se fraco e impotente, e antes que perdesse totalmente suas forças, conseguiu acender o interruptor ao seu lado. Por um breve momento a luz feriu seus olhos, deixando-o encandeado. Aos poucos conseguiu averiguar melhor a seu redor, mas a suposta criatura havia sumido sem deixar rastros.

Ainda pensou em voltar a dormir na casa de algum amigo, mas já era tarde. Também sabia que seria motivo de brincadeiras por toda a turma se tentasse explicar-se. Pensou em como seria bom se não tivesse discutido com sua namorada. Coçou a cabeça ainda doída, acendeu todas as luzes e voltou pra cama, agora fria.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Atrás do espelho

Não que eu seja uma pessoa matuta com poucas vivências urbanas, mas devo confessar-lhes que algumas coisas ainda me deixam confuso. Principalmente aquelas faixas de espelhos dispostas em toda a extensão de alguns recintos. Pode ser que eu não esteja sendo claro, mas logo vocês entenderão.

Um dia estava sentado em um banco no interior de um supermercado qualquer. Atrás de mim havia o tal espelho, e atrás do espelho havia um corredor bastante movimentado para um estacionamento. O espelho tinha mais ou menos um metro de altura e possibilitava às pessoas que passavam uma visão da cintura a cima (dependendo da distância do espelho à pessoa, lógico). Com tais características e a presença do corredor logo após, qualquer pessoa lesada desavisada poderia pensar que se tratava de um vidro transparente, e não um espelho.

Eu, muito bem sentado, aguardava algo que não me lembro nesse momento. Ao longe uma senhora com cerca de 50 anos aproximou-se olhando discretamente para o assento vago ao meu lado. Disfarcei e permaneci como estava. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que ela forçou um diálogo:

- Oi, tudo bom? Esperando alguém?

- Oi. Sim. – respondi prontamente, desejando que a conversa encerrasse ali.

- Quem? – ela perguntou, não achando pouca a intimidade.

- Uma minazinha. – menti mesmo.

- Ah... Eu estou esperando minha filha com o esposo dela, que foi guardar o carro no estacionamento. – Ela insiste.

- Ah... legal.

Encerramos temporariamente o diálogo. Assim ficamos por mais ou menos quinze minutos. Percebi que ela parecia procurar alguém (ou algo), até que ao virar-se para o espelho, levantou prontamente e esboçou um discreto sorriso. Logo ao lado, percebi um casal de mãos dadas que caminhava lentamente em nossa direção. A mulher ao meu lado, agora sorrindo e gesticulando o que seria um aceno, estava de frente ao espelho e de lado em relação ao casal que se aproximava. Logo percebi que o dito casal se tratava da filha da mulher e do genro dela, que agora estavam imediatamente ao lado da mulher, mas um pouco atrás.

Não pude deixar de reparar o quanto a doida mulher gesticulava para o casal. Pela minha pequena noção em linguagem corporal, percebi que ela estava chamando-os para dentro do supermercado. Depois de muitas evocações e chamativas, o ritual foi quebrado pela voz exclamativa da filha:

- A MAMÃE TÁ DOIDA!!!

A mulher pulou assustada (literalmente) e logo se evadiu com a filha. Juro que no momento não ri. Procurei algo que parecesse uma câmera escondida, e permaneci recluso.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cenourão

Em uma bela noite, eu estava tentando comprar algumas frutas e legumes em um supermercado qualquer, a fim de satisfazer meu espírito consumista e minha despensa. Eu, apalpando e inspecionando compulsivamente os tomates em busca de algo que não parecesse uma acerola, percebi que alguém se aproximava.

Inicialmente não me atentei a quem chegava, mas em algum momento desviei discretamente meu olhar dos tomates e pude contemplar tal figura: uma trambolho mulher baixa, gordinha cheinha deeeeeeeesse tamanho obesa, cabelos soltos e ondulados, usando um vestido básico e aparentando possuir pouco mais que 40 anos. Estávamos fazendo a mesma coisa, apesar dela não selecionar as frutas como eu.

Continuei a comprar. Aos poucos, pude perceber que a tal mulher me olhava de um jeito estranho, e me seguia discretamente. Eu, sem entender muito, continuava a me locomover por entre as prateleiras, sempre procurando pelos melhores produtos.

Até que o inevitável fato aconteceu. Estava quase completando minha sacola de compras com cenouras, quando escutei por trás de mim uma voz que parecia vir do além.

- Bonitas cenouras, não?!?! - A tal mulher dirigiu-me a palavra enquanto segurava firmemente uma das cenouras expostas.

- É - respondi timidamente.

- CENOURÃO, heim?!?! - retrucou apontando para uma enorme cenoura situada imediatamente a minha frente.

- Pois é - balbuciei quase mudo.

A partir desse momento, não consegui falar mais nada. Rapidamente reuni tudo o que desejava e me dirigi ao caixa.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Luminárias e Abajures

Enquanto isso, na loja de luminárias...


Eu: Bom dia!!! Tudo bom?

Vendedora: Oi, como posso ajudá-lo?

Eu: Eu estava procurando uma luminária de teto pra colocar no meu quarto. Aquelas pendulares, sabe?

Vend: Sim, igual a essa? (apontando para uma luminária qualquer suspensa na vitrine)

Eu: SIM. Eu queria uma igual a parte de cima daquele abajur, mas suspensa. (apontando para um abajur com uma cobertura mais interessante)

Vend: Mas o senhor quer um abajur?

Eu: Não, eu queria uma luminária de teto com a cobertura parecida com aquele abajur, você tem?

Vend: Mas o senhor vai pôr em cima da mesa?

Eu: Nããããããããããããoooooooo. Deixa eu explicar... Eu queria uma luminária com a parte externa, a parte de fora, sabe?... igual aquele abajur, pra poder colocar no teto do meu quarto.

Vend: Mas isso é um ABAJUR!!!

Eu: Obrigado moça, até mais!!!

Eis que termino minha saga à compra de minha luminária... mas inicio minha nova jornada como blogger nesse infinito mundo de asneiras informações...

Esse blog servirá como um diário. Nele relatarei os casos mais idiotas interessantes(e que são muitos) aos quais presencio em minha vida. Assim, compartilharei um pouco de diversão com meus leitores (e que são poucos) e também poderei registrar esses ridículos singulares momentos de diversão.